(this page was last updated in September 2017)
[pipa2016:24357]
Macaúbas, Brazil, 1968.
Lives and works in Cachoeira, Brazil.
PIPA 2012, 2015, and 2016 nominee.
Visual artist and curator, completing a Doctorate degree in Communications and Semiotics at the Catholic University (PUC) of São Paulo. Professor of Visual Arts at the Centre of Arts and Humanities at the Federal University of the Recôncavo of Bahia (UFRB).
The artist’s works transition between installation, performance, photography, and audio visual media, dealing frequently with elements of Afro-Brazilian culture in its connections between Africa and its diaspora in America. Recently, in 2015, Heráclito was honoured at the Bamako Encounters – African Photography Biennial in Mali and nominated in the award Novo Banco Photo 2015 at the Museum Coleção Berardo in Lisbon for the project “Os Sacudimentos – a reunião das margens atlânticas”. Heráclito participated in the group exhibitions: “A nova mão afro-brasileira” at the Museum Afro Brazil (São Paulo, 2013); “Afro-Brazilian Contemporary Art, Europalia. Brazil”, Brussels, Belgium (2012); Triennial of Luanda, Angola (2010); and MIP 2, International Performance Manifestation, Belo Horizonte (2009).
His works can be found in the permanent collections of Museum der Weltkulturen in Frankfurt, Museum of Art of Rio de Janeiro, Museum of Modern Art of Bahia and Videobrasil. Heráclito was the chief curator of the 3rd Biennial of Bahia and received the residency award Sesc_Videobrasil [Raw Material Company – Senegal]. He was one of eight Brazilian artists invited to participate in the project “Oito Performances”(2015), curated by Marina Abramovic, Lynsey Peisinger and Paula Garcia at Sesc Pompeia. Heráclito’s works include such themes as palm oil, life in the Brazilian colonial era, jerky, sugar, fish, sperm, blood, body pain, raptures, apartheid, and dreams of freedom.
“Buruburu”, 2010. Duration: 2’27”, two-channel video installation
Buruburu means popcorn in the African-Brazilian dialect. In Candomblé, popcorn is linked to Obaluaê, the Orisha of disease and cure. The work evokes ritual, symbolic, and ethnographic issues, and addresses the relationship between nature and cultural constructions.
“O Pintor e a Paisagem” ( “The Painter and the Landscape”). Duration: 8’04”.
“In a time of “high-definition image,” what are the undefined images in our culture? What is it that is unclear in our history? More than a physical issue related to image quality, there is a process of historic “invisibilization” of certain aspects of Brazilian culture, which little by little unveils an ethic component to what is visible in our everyday lives.” -Alejandra Hernández Muñoz
“Sangue, Semen e Saliva” (“Blood, Semen, and Saliva”). Duration: 3’20”.
Oil metamorphoses into the engine for the survival of the black man and his culture. It becomes the vital fluid that enables the perpetuation of life.
ArtReview – Profile of 2015 Future Great artist, selected and written by Adriano Pedrosa
In his work, Ayrson Heráclito delves into the rich relations between Africa and Brazil, exploring political, social and cultural connections across the two territories, with a particular focus on the history of slavery and Afro-Brazilian religions, and from a privileged vantage point: Salvador, Bahia, the capital of Afro-Brazil, where he is based. Brazil has the second largest black population in the world (black being defined as people of African descent), after Nigeria, and received more Africans through the slave trade than it did Portuguese who set foot in the country to colonise it. The African presence in Brazilian popular culture is widespread, yet it remains comparatively small in the fine arts, which makes Heráclito’s work even more important.
Heráclito’s approach is often conceptual. He has an ongoing interest in the orisha – spirits that reflect the manifestation of gods originally coming from the African Yoruba religion – and how their codes are constructed through food and composed in language (manifested, for example, in his two-channel videowork Buruburu, 2010 – the title of which means popcorn in the Afro-Brazilian dialect). Palm oil, used in Angolan and Brazilian cuisine, is another food explored in the artist’s work. As a liquid that links the two continents, Africa and America, Heráclito employs the palm oil motif to counterpose ‘the Black Atlantic’, to use the expression coined by Paul Gilroy in his classic study on the relations between Africa and the Atlantic. A key work of his in this sense is Divisor 2 (2001), with its deceptively minimalist appearance: palm oil, water and salt in glass containers remain unmixed: a potent metaphor for the fluid relations between Africa and Brazil.
***
Born in Macaúbas, Brazil, Ayrson Heráclito works primarily in video and photography but also in installations and other media. This year Heráclito has been shortlisted for the Novo Banco Photo award in Portugal, and in June he will have an exhibition at Museu Coleção Berardo, Lisbon, exploring the history of the famous Maison des Esclaves [House of Slaves] at Goré Island, Dakar, an emblematic point in the history of the slave trade. Selected by Adriano Pedrosa, artistic director, Museum of Art of São Paulo. Article published in March 2015 – ArtReview
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Ayrson Heráclito and the Reunion of the Atlantic Margins (Portuguese version only)
Marcello Moreira
No culto de Babá Egun, na Bahia, a apresentação dos ancestrais da coletividade ao público dá-se em dia festivo, quando o «egun», o morto, se torna novamente apreensível pelos sentidos dos viventes ao envergar a roupa que lhe coseram, o «opá», que o dá a ver e a ser tocado. A sua manifestação, ou melhor, a sua apa- rição entre nós – uma vez que se trata da «aparência» ritual que a cultura dos descendentes de africanos entre nós soube preservar – é, como o diz Júlio Santana Braga, «chama da imortalidade do homem», que flameja nas cores vivas dos tecidos de que é feito o «opá». Este, feito não apenas de tecidos, mas de missangas e de vidrilhos sobrepostos naqueles, reluz. A luz, inclusive, é condição de apreensão da imensa gama cromática própria de todos os «opás», e os efeitos de reflexão da luz nos elementos vidrados podem ser compreendidos, em termos físicos, como a associação entre cor e luz, mas também, num nível mais profundo de significação, entre esses elementos como metáfora visível do próprio princípio de imortalidade que se dá a ver. O Babá Egun, quando manifestado, dado ao olhar, é luz e cor, é cor pela luz que a dá a ver, sendo ambas compreendidas, enquanto fenómenos, como apropriadas à expressão do princípio metafísico ou espiritual que connosco quer comunicar, lembrando-nos a nossa imortalidade. Se somos pó em pé, se seremos pó caído, como se dizia na poesia do século XVII, católica e contrarreformista é certo, lembram-nos os Babá Eguns que poderemos ser também pó soerguido uma vez mais, mas manifestado por meio da luz-cor que metaforiza, como se disse, a beleza indizível dessa flama imortal, dita ou tornada visível de forma imperfeita, nos limites da linguagem artística, por meio do tropo metafórico que é Babá presente.
Ayrson Heráclito, ao propor-se «sacudir» a Casa da Torre na Bahia e a Maison des Esclaves [Casa dos Escravos] na ilha de Gorée, recorda-nos que não há apenas «eguns», há também fantasmas. «Sacudir uma casa», como se diz entre o povo de santo da cidade da Bahia, é tomar em mãos as folhas indicadas pelos zeladores de santo para com elas bater os cantos dos aposentos, para afugentar com as fustigadas que se dão com o molho de ramos os que são pó caído, mas que teimosamente permanecem entre nós, perturbando-nos a existência. Uma folha com que se sacode a casa é, por exemplo, o para-raios, a folha do orixá Iansã, associada ao culto de Babá Egun, folha quente, excitante, de tipo «gun». O nome popular da folha, para-raios, faz lembrar a atuação desse mecanismo, o para-raios, em dias tempestuosos: atrair e absorver a energia destrutiva da intempérie para impedir que ela atinja os seres humanos. O para-raios com que se sacode a casa tem essa mesma função: captar as energias ruins que se fazem presentes numa habitação e também, com os movimentos enérgicos e vigorosos próprios do sacudimento, como se esse fosse uma varredura de casa, debelar, dispersar as energias ruins acumuladas ou estagnadas, pondo-as também em movimento e em fuga.
Mas não são os negros torturados de forma desumana em ambos os lados do atlântico
os «eguns» que, ainda presentes na Casa da Torre e na Maison des Esclaves, demandam o sacudimento. Este, ao ser realizado por Ayrson Heráclito, conjura o passado, a história, tornando-os presentes. O que exige o imediato sacudimento da Casa da Torre e da Maison des Esclaves é a persistência histórica da desigualdade, que vitima incontáveis homens na Bahia e na África nos dias de hoje. O sacudimento dessas casas visa, se possível, exorcizar os demónios que a história nos legou, mas esses demónios são todos eles práticas enraizadas nas sociedades brasileira e africana e toleradas muitas vezes pelo Estado. Ao sacudir a Casa da Torre e a Maison des Esclaves, ao tornar presente o que precisa ser alijado da vida social, da história, o exorcismo levado a efeito por Ayrson Heráclito é belíssimo, pois sacode «a história», o «passado», com a mão-cheia de para-raios que os negros nos ensinaram a usar, a empregar tão bem para nosso socorro diário. São os seviciados que nos legam os instrumentos de exorcismo, que nos ensinam a conjurar o tempo ido e o seu legado. São os negros da Bahia, aqui trazidos contra sua vontade, que legam as práticas que servem para purgar a história na outra margem atlântica. O passado a ser exorcizado, metaforizado na performance como «egun», como energia disruptora, não tem, como os Babá Eguns do culto praticado na África e na Bahia dos dias de hoje, nem cor nem luz. Esse passado é a morte, a que Babá se opõe como princípio continuador da vida.
Solo Exhibitions
2015
–“Genealogy of Materials / Généalogie des Matières”, Raw Material Company, Dakar, Senegal.
2013
– “Atlântico Negro”, Central Gallery, São Paulo, Brazil.
2009
-MIP 2 – International Performance Manifestation, Belo Horizonte, Brazil.
2008
-“Bori – Peformance-Art”, Castro Alves Theatre, Salvador, Brazil.
2002
-“Ecology of Belonging”, Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil.
2000
-“Transmutation of Meat”, ICBA Gallery, Goethe Institute, Salvador, Brazil.
1990
-“Inside the Darkness”, Vila Imperial Gallery, Vitória da Conquista, Brazil.
1989
-“On the Edge of the Sacred Family”, Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil.
Group Exhibitions
2016
-“Miroir – Effacement”, Gallery Imane Farès, Paris, France.
2015
-African Photography Biennial – “10 Rencontres de Bamako no Mali” (invited artist), Bamako, Mali.
-International Biennial of Curitiba, Brazil.
–10th Mercosul Biennial, Porto Alegre, Brazil.
-“Wer hat Angst vor dem Museum?” – Performance “ A transmutação da Carne”, and “ Embostando o Museu de Etnologia de Viena”, Weltmuseum Wien, Vienna, Austria.
-“Crú – Comida, transformação e arte”, Cultural Centre Bank of Brazil, Brasília, Brazil.
2015
–“Novo Banco Photo 2015″, Museum Colecção Berardo, Lisbon, Portugal.
–“Ficções”, Caixa Cultural Rio de Janeiro, Brazil.
–“Memorias imborrables — Una mirada histórica sobre la Colección Videobrasil”, Malba, Buenos Aires, Argentina.
–“Terra Comunal – Marina Abramović + MAI: Oito Performance – Transmutação da Carne”, Sesc Pompéia, São Paulo, Brazil.
2014
–“Histórias Mestiças”, Institute Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil.
–“Alimentário – Arte e Patrimônio Alimentar Brasileiro”, Museum of the City – OCA, São Paulo, Brazil.
–“Memórias Inapagáveis – Um Olhar Histórico No Acervo do Videobrasil. SESC Pompéia, São Paulo, Brazil.
–“Do Valongo à Favela : imaginário e periferia”, Museum of Art of Rio de Janeiro, Brazil.
–“Alimentário – Arte e Patrimônio Alimentar Brasileiro”, Museum of Modern Art of Rio de Janeiro, Brazil.
–“Deslize Surfe Skate, Museum of Art of Rio de Janeiro, Brazil.
2013
–“A Nova Mão Afro-Brasileira”, Museum Afro Brazil, São Paulo, Brazil.
2012
-“Incorporation: Afro-Brazilian Contemporary Art”, Europalia Brasil, Brussels, Belgium.
-“Full Brazilian and Other Rituals”, Museumnacht – De Oude Kerk. Amsterdam, Netherlands.
2011
-7th Berlin International Directors Lounge, Germany.
-“Contemporary Lusophone Art”, Memorial of Latin America, São Paulo, Brazil.
2010
-Luanda Triennial, Angola.
2009
-“Saccharum-BA” –Museum of Modern Art of Bahia, Salvador.
2008
-“Atualização em Retalhos Postais da Bahia”, Tavira Municipal Museum, Portugal.
2007
-“The Hands of Epô” (video), 16th International Festival of Electronic Art – Vídeobrasil, São Paulo, Brazil.
2006
-“Cosmogonia Cravo” (video installation) Rodin Museum of Bahia, Salvador, Brazil.
2005
-“Barrueco” Biennial of Vídeo Art, Kunstfilm Biennale, Cologne, Germany.
-DISCOVER BRASIL- Ludvig Museum, Koblenz, Germany
2004
-“April 1st” (“Fool’s Day”), Galpão Santa, Luzia, Salvador, Brazil.
-“Barrueco” (video art) V International Video Brazil Festival, Sesc Pompéia, São Paulo, Brazil.
-“Bahia A Fora”, Terra Fértil Gallery, Buenos Aires, Argentina.
2003
-“Liquids”, Caco Zanchi Gallery, Salvador, Brazil.
2002
-“9th Salon of Bahia”, Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil.
2001
-II Mercosul Biennial, Porto Alegre, Brazil.
-“Design 21”, Felíssimo, New York, USA.
2000
-“Performance – Action”, ICBA Gallery, Goethe Institute, Salvador, Brazil.
-“Celebrating 25 Years of ACBEU Gallery”, Salvador
“Terrenos” Group Exhibition, ICBA Gallery, Salvador, Brazil.
1995
-“Bahian Artists – MAC – USP”, Museum of Contemporary Art of São Paulo, Brazil.
1993
-“Emerging Artists”, Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil.
1991
-“First Recôncavo Biennial”, Danneman Cultural Center, São Félix, Brazil.
1990
-“Collective Collage Exhibition”, Brazilian Cultural Institute, Germany.
-“From Stars to Asphalt”, Museum of Bahian Art, Salvador, Brazil.
-“Z Eros to the Infinite”, Nata Gallery, Salvador, Brazil.
1988
-“Contemporary Art Salon of Pernambuco – 1988”, Recife, Brazil.
Awards and Honors
2007
-“The Hands of Epô” (video), 16th International Festival of Electronic Art – Vídeo Brasil, São Paulo, Brazil.
2002
-Braskem Award for Arts and Culture, 9th Museum of Modern Art of Bahia Salon, Salvador, Brazil.
1994
-2nd Recôncavo Biennial.
1992
-11th National Contemporary Dance Workshop – Installation and Performance Competition.
-2nd University Visual Arts Salon of Bahia, Brazil.
-2nd Bahian Art Salon, Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil.
1988
-1st Bahian Art Salon
, Salvador, Brazil.
1986
-1st Metanor/Copenor Visual Arts Salon of Bahia, Salvador, Brazil.
Collections
Works of the artist are featured in the collections of the Museum der Weltkulturen, Frankfurt, Germany, in the Museum of Modern Art of Bahia, Salvador, Brazil, of Videobrasil, São Paulo, Brazil, and in several private collections.
Related Posts